Mercado Financeiro: Entenda como Criar Produtos de Investimentos
- Nataly Paes
- 2 de dez. de 2024
- 7 min de leitura
Autora: Nataly Paes
Se você trabalha ou quer começar no mundo dos produtos de investimentos, este blog foi escrito para você. Aqui, desmistifico como esses produtos são criados, explico as principais frentes envolvidas no desenvolvimento e compartilho o que um Product Manager (PM) precisa saber antes de iniciar sua jornada nesse universo desafiador e fascinante.
Hey! Vamos começar do começo?
O Que São Produtos de Investimentos e Como Funcionam?
Produtos de investimentos são soluções financeiras que conectam clientes ao mercado, permitindo aplicações em ativos como ações, renda fixa, fundos, ETFs, criptomoedas e até investimentos sustentáveis (ESG). Além de facilitar o acesso ao mercado, esses produtos precisam entregar valor tanto para os clientes quanto para as instituições financeiras.
Tipos de Produtos de Investimentos e Pontos de Atenção
Cada tipo de investimento tem características específicas e demanda atenção aos detalhes:
Ações:

O que são: Representam partes de uma empresa, negociadas na bolsa.
Pontos de atenção:
Tempo Real: As transações precisam ser rápidas, pois os preços mudam constantemente.
Educação: Muitos investidores iniciantes precisam de suporte para entender riscos e retornos.
Custódia: Garantir que as ações sejam armazenadas de forma segura na B3.
Renda Fixa:
O que são: Títulos emitidos por governos ou empresas, como Tesouro Direto e CDBs.
Pontos de atenção:
Horários Limitados: Negociações têm janelas específicas.
Liquidez: Alguns produtos têm prazos para resgate que precisam ser claros para o cliente.
Simulação: Ferramentas para calcular retornos ajudam o cliente a planejar.
Fundos de Investimento:

O que são: Carteiras geridas por especialistas, compostas por diferentes ativos.
Pontos de atenção:
Transparência: Mostrar taxas e performance de forma acessível.
Adequação ao Perfil: Fundos mais arriscados devem ser ofertados apenas para investidores qualificados.
ETFs (Exchange Traded Funds):
O que são: Fundos negociados em bolsa, que replicam índices como o Ibovespa.
Pontos de atenção:
Tempo Real: Assim como ações, precisam de atualizações constantes.
Composição: Mostrar os ativos que compõem o ETF para maior transparência.
Criptomoedas:

O que são: Ativos digitais, como Bitcoin, negociados em plataformas específicas.
Pontos de atenção:
Alta Volatilidade: Informar o cliente sobre os riscos é essencial.
Segurança: As criptomoedas devem ser protegidas por carteiras digitais robustas.
O Que os Clientes Esperam?
Os investidores, especialmente em produtos digitais, têm expectativas claras:
Rapidez e Simplicidade: Aplicações e resgates devem ser instantâneos ou, pelo menos, parecer assim.
Visualização da Rentabilidade: Gráficos claros, histórico de ganhos e acompanhamento em tempo real são fundamentais.
Transparência: Taxas, prazos e riscos devem ser apresentados de forma simples.
Educação: Ferramentas que expliquem produtos e ofereçam suporte para decisões financeiras.
O Que os Bancos e Corretoras Esperam?

Do lado das instituições financeiras, o foco é:
Fidelização de Clientes: Investidores tendem a centralizar mais produtos na mesma instituição.
Aumento de Receitas: Taxas de administração, corretagem e parcerias com fornecedores geram receitas recorrentes.
Maior Ticket Médio: Clientes satisfeitos investem mais ao longo do tempo.
Core Banking de Investimentos: O Coração do Sistema
O core banking de investimentos é o sistema central que gerencia todas as operações financeiras, integrando os produtos de investimentos à infraestrutura do banco. Ele é o motor que faz com que o dinheiro flua de maneira segura, rápida e transparente.
Principais Funções do Core Banking de Investimentos:
Gestão de Saldos e Ordens:
Controla o dinheiro disponível para aplicações e processa compras e vendas de ativos.
Conexão com Custódia:
Integra com sistemas como a B3 para garantir que os ativos estejam registrados corretamente.
Atualização de Rentabilidade:
Calcula automaticamente os rendimentos e atualiza o portfólio em tempo real.
Relatórios e Conformidade:
Gera relatórios detalhados para o cliente e cumpre exigências regulatórias.
Sem um core banking robusto, a experiência do cliente pode ser comprometida, desde atrasos em aplicações até erros na visualização da rentabilidade.
Você precisa saber sobre o Suitability: Uma Regra Obrigatória para Todos os Produtos de Investimentos
Todo produto de investimentos precisa passar pelo processo de suitability, uma exigência legal no Brasil. Esse processo garante que o cliente só tenha acesso a investimentos adequados ao seu perfil de risco e nível de conhecimento.
Como Funciona o Suitability?
Teste Inicial:
O cliente responde a perguntas sobre objetivos financeiros, experiência com investimentos e tolerância ao risco.
Classificação do Perfil:
O PM precisa entender que cada cliente é único, mas geralmente se enquadra em um dos três perfis principais de investidores:
Conservador: Busca segurança e previsibilidade. Prefere produtos como renda fixa ou fundos com baixo risco.
Moderado: Aceita um pouco mais de risco em troca de retornos superiores, investindo em fundos multimercado ou ETFs.
Arrojado: Está disposto a correr altos riscos para buscar maiores ganhos, investindo em ações, criptomoedas e outros ativos voláteis.
Restrições de Produtos:
Produtos de maior risco, como ações ou criptomoedas, são oferecidos apenas para perfis moderados ou arrojados.
Por que isso é importante? Além de proteger o cliente, o suitability evita problemas legais e reputacionais para o banco.
APIs e Fornecedores: A Base Tecnológica
A criação de produtos de investimentos exige a integração com uma série de APIs e fornecedores especializados. Se você quer trabalhar nesse frente é importante entender isso, os parceiros oferecem dados, infraestrutura e serviços que tornam os produtos mais eficientes e completos.
Principais APIs e Fornecedores do Mercado:
APIs de Integração com a B3:
Permitem registrar transações de ações, ETFs e títulos de renda fixa diretamente na bolsa brasileira.
APIs de Dados Financeiros:
Bloomberg: Oferece cotações em tempo real, análises e gráficos.
Refinitiv (Thomson Reuters): Ideal para dados históricos e análises de mercado.
Morningstar: Especializado em dados sobre fundos de investimentos.
Custodiantes e Infraestrutura:
B3: Responsável pela custódia de ativos no Brasil.
Clearstream e Euroclear: Custódia internacional para investimentos no exterior.
Sistemas de Gestão de Risco:
MetricStream: Ferramentas para monitoramento de conformidade e mitigação de riscos.
APIs de Suitability e Compliance:
Soluções que automatizam o processo de adequação ao perfil do cliente e garantem conformidade com regulamentações.
Funcionalidades Essenciais para Produtos de Investimentos
Ao criar ou melhorar produtos de investimentos, considere funcionalidades que entreguem valor real ao cliente:
Simuladores de Rentabilidade:
• Mostram os ganhos potenciais com base no valor investido e no prazo.
Portabilidade Facilitada:
• Permite que o cliente traga investimentos de outras instituições de forma rápida e simples.
Notificações Inteligentes:
• Alertas sobre vencimentos, rentabilidade e oportunidades de mercado.
Dashboards de Rentabilidade:
• Gráficos interativos que detalham o desempenho do portfólio.
Personalização:
• Recomendação de produtos com base no perfil e no comportamento do cliente.
Tempo Real vs. Atualizações Periódicas
Nem todos os produtos exigem operações em tempo real, mas saber a diferença é essencial:
• Tempo Real:
• Necessário para ações e ETFs, onde os preços mudam a cada segundo.
• Exige infraestrutura robusta, como sistemas de mensageria (ex.: Apache Kafka).
• Atualizações Periódicas:
• Comum em renda fixa e fundos, onde as movimentações não dependem de alterações instantâneas.
• Mais simples de implementar, mas ainda requer integração com sistemas de custódia.
O Que Bancos e Clientes Esperam de Produtos de Investimentos?
O Cliente Espera:
1. Simplicidade: Interfaces claras e amigáveis.
2. Rapidez: Aplicações instantâneas e respostas rápidas.
3. Clareza: Transparência sobre taxas e riscos.
O Banco ou Corretora Espera:
1. Receitas Recorrentes: Com taxas de administração e corretagem.
2. Retenção de Clientes: Investidores tendem a contratar mais produtos financeiros.
3. Maior Ticket Médio: Clientes satisfeitos investem mais ao longo do tempo.
Como Criar Produtos de Investimentos de Sucesso
Criar produtos de investimentos bem-sucedidos exige uma combinação de estratégia, tecnologia e visão centrada no cliente. Aqui estão os passos principais:
1. Entenda o Problema:
• O que o cliente precisa? O que o banco espera?
2. Use a Infraestrutura Certa:
• Invista em APIs robustas, sistemas de custódia e compliance automatizado.
3. Implemente Funcionalidades Essenciais:
• Simuladores, portabilidade e dashboards interativos.
4. Monitore e Melhore:
• Use dados para ajustar o produto continuamente.
Qual o papel do Product Manager?
O Product Manager (PM) em produtos de investimentos é o estrategista e conector, responsável por garantir que o produto seja alinhado às necessidades dos clientes, aos objetivos de negócio da instituição e às regulamentações do mercado financeiro. Ele atua como o ponto central entre as áreas técnicas, regulatórias e comerciais, garantindo que o produto entregue valor de forma segura, eficiente e escalável.
Responsabilidades Centrais do PM em Produtos de Investimentos
1. Entender o Cliente e o Mercado
• Mapear as necessidades do cliente:
O PM deve compreender os diferentes perfis de investidores (conservador, moderado ou arrojado) e suas expectativas, como:
• Rapidez na aplicação.
• Transparência sobre rentabilidade e custos.
• Facilidade de uso, especialmente para iniciantes.
• Analisar tendências de mercado:
Monitorar novidades, como o crescimento de produtos ESG, popularidade de criptomoedas ou demanda por ETFs.
2. Garantir Conformidade com Regulamentações
• O PM precisa assegurar que o produto esteja alinhado com normas da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Banco Central e outras entidades reguladoras.
• Suitability como base:
O produto deve ser projetado para garantir que apenas investimentos adequados sejam oferecidos ao cliente, seguindo testes obrigatórios de perfil de risco.
3. Traduzir Estratégias de Negócio em Funcionalidades
• Objetivo do banco: Aumentar o volume de ativos sob gestão, retenção de clientes e geração de receitas.
• Função do PM: Transformar esses objetivos em funcionalidades claras, como simuladores de rentabilidade, portabilidade automatizada ou alertas personalizados.
4. Gerenciar Tecnologia e Integrações
• Trabalhar com APIs, sistemas de custódia e fornecedores do mercado, garantindo uma experiência fluida.
• APIs essenciais: Integração com a B3, Bloomberg e Morningstar para dados financeiros.
• Infraestrutura: Garantir a robustez do core banking de investimentos para operações em tempo real.
5. Colaborar com Times Multifuncionais
• O PM precisa coordenar equipes de engenharia, design, marketing e jurídico para:
• Garantir usabilidade na interface.
• Assegurar a segurança de dados e conformidade.
• Criar campanhas educativas que simplifiquem conceitos complexos.
6. Monitorar e Otimizar o Produto
• O PM deve criar dashboards de performance para medir indicadores como:
• Volume investido.
• Taxa de retenção.
• Receita gerada por taxas de administração e corretagem.
O Impacto do PM no Sucesso do Produto
Ao conectar o cliente, o banco e as tecnologias disponíveis, o PM garante que o produto de investimentos:
1. Atenda às expectativas dos clientes: Simplicidade, segurança e resultados claros.
2. Apoie as metas do negócio: Fidelização, aumento do ticket médio e expansão do portfólio de clientes.
3. Esteja preparado para o futuro: Incorporando tendências como sustentabilidade e novos ativos digitais.
O papel do PM é, portanto, o de um construtor de pontes, que transforma complexidades do mercado financeiro em soluções práticas, acessíveis e impactantes para todas as partes envolvidas.
Espero ter te ajudado trazendo uma visão mais Cross sobre a construção de produtos de investimentos 🖤🚀
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